Fritz Müller é conhecido como naturalista e colaborador de Charles Darwin, antes de quaisquer outras facetas. Seu legado científico até a atualidade é pesquisado. Mas ficam em segundo plano suas ações como sujeito político e é o que trabalhamos ao longo de mais de uma década.

Um dos primeiros textos que tive em mãos sobre Fritz Müller foi de Evaldo Pauli, sobre a influência do naturalista na intelectualidade catarinense. Depois vieram outros autores, igualmente importantes e desafiadores, que lançaram indícios de que valia a pena buscar saber mais sobre o colaborador de Darwin.

O ponto de partida era o Liceu Provincial. O novelo a ser desenrolado.

Para fins de recorte temporal, fazemos uso da década de 1850, como um marco de onde surgiram profundas, rápidas e sucessivas mudanças que ocorreram na sociedade desterrense. Estas foram postas em marcha pela mola propulsora do econômico-financeiro que permitiu a formação de um contingente populacional que desejava mais do que sobreviver. Havia espaço para uma elite intelectual. Assim surgiu a criação da biblioteca pública, a instalação do ensino secundário público, teatro, associações culturais, profissionais e recreativas; a consolidação e diversificação da imprensa, espaço para a germinação de novas ideias, perspectivas e anseios[1].

A Província de SC entre 1850-1859 estava sob a presidência de João José Coutinho, um carioca que havia frequentado a Faculdade de Direito de São Paulo, a qual recebera os ares reformadores da Universidade de Coimbra, onde eram valorizadas as ideias iluministas do período pombalino através do ensino das ciências naturais e do rigor científico. Coutinho promoveu, na segunda metade dos anos de 1850, ruptura no sistema de ensino secundário que ficara a cargo dos padres jesuítas por uma década a partir de 1845.  Em 1857 Coutinho fundou o Lyceo Provincial, com uma proposta laica de ensino, empregando, logo de início, quatro professores luteranos.

Para implementar seu projeto, ninguém melhor do que um cientista alemão, vindo recentemente da Europa: Coutinho nutria por Fritz Müller uma grande admiração e respeito.

Na Colônia Blumenau, Müller trocara o microscópio pelo machado e sua presença representava ao mesmo tempo uma bênção e um risco. Tanto ele trazia conhecimento e ações em prol do empreendimento de Hermann Blumenau, quanto seu ateísmo propalado e ideias liberais o inquietavam. Seu espírito contestador e vanguardista atraía os mais jovens e assustava os mais conservadores.

Quando Coutinho consultou Hermann Blumenau sobre a possibilidade de convidar o naturalista para integrar seu projeto de reformas no ensino, este não colocou objeções, pois também tinha claro que um grande talento se desperdiçava ao dedicar tanto tempo à lavoura e também que muito podia contribuir para o desenvolvimento da Província.

Müller, por sua vez, vislumbrou o mar tropical transbordante de vida para suas pesquisas!

O Liceo Provincial representou a chegada do novo, que coloca em xeque o que estava bem consolidado.  A ausência dos religiosos no ensino público, fomentou questionamentos até então desconhecidos e como era de esperar, surgiram os contra e os a favor. estabelecidos (nós, contra o liceu) e os outsiders (eles ou os outros, a favor).  Os primeiros representados por famílias descendentes de portugueses e católicas, segundo Cancelier Dias[2], “(…) famílias de prestígio, estabelecidas na Ilha desde o século XVIII, como (…) [os] Costa, Livramento e Luz.” Ainda segundo este autor, a manutenção do Liceu, por outro lado, era defendida “por pessoas que, em sua maioria, provinham de outras localidades da Ilha, de outras províncias, e mesmo de outros países. Havia, certamente, pessoas que eram de Desterro, mas que não pertenciam ao grupo dominante local.”

De certa forma podemos afirmar que nada mais foi como antes. Se devido ou não ‘a influência dos outsiders na formação dos jovens cidadãos, a leva de nascidos nos anos de 1860, estes agitaram as letras e o pensamento da Desterro que espiava o século XX.  O tempo e o andar dos acontecimentos políticos e religiosos, principalmente, deram aos intelectuais catarinenses a sua própria marcha, não houve nem a presença de um herói civilizador, tampouco apenas um fator, pois as transformações ocorridas em uma sociedade são multifatoriais.

Mas afinal, o que influenciara o pensamento e as práticas de Fritz Müller? No que fora formado? Em que ambiente?

Fritz Müller possuía uma considerável bagagem teórica de filosofia, política e claro, era um cientista e pesquisador irretocável.

Os anos de estudos em Berlim, na primeira metade de 1840, uma das épocas mais desafiadoras e borbulhantes do conhecimento, FM foi permeável ao pensamento vanguardista de sua época. Leitor de jovens hegelianos como Bruno Bauer (filósofo, teólogo e historiador alemão), Karl Marx, Ludwig Fauerbach (conhecido pelo ateísmo humanista e pela influência que teve sobre Marx), Max Stirner (filósofo alemão tido como precursor do niilismo, da teoria psicanalítica, do pós-modernismo e do anarquismo) … fazia parte do grupo dos Amigos Protestantes – um grupo protestante racionalista com foco na Alemanha central, que pregava uma teologia iluminista. Também ajudou a fundar em Greifswald uma Kränzchen (originário dos Amigos Protestantes), que eram associações de estudantes surgidas nas universidades alemãs no século XIX, porém oriundas de movimentos estudantis do século XVIII. Entre outras, também esteve envolvido na fundação de uma organização com moldes de cooperativa cujo objetivo era auxiliar os estudantes menos favorecidos economicamente. Brevemente, isto era o que movia Fritz Müller. E como jovem na faixa dos vinte anos… era um rebelde, um ativista político, um anarquista. Em suas cartas aos familiares e amigos, expunha seus temores, crenças e decepções ao perceber que havia um grande hiato entre a teoria e a prática, entre o mundo das ideias e o mundo real.[3]

Após contextualizar Desterro e o Liceu e situar FM, faltam os personagens que fizeram o recorte que se deseja, qual seja, quem foram os alunos que estiveram ligados a Fritz Müller. As informações até então eram vagas, apenas alusões, sem objetividade, embora estivessem disponíveis para pesquisas em jornais de época.

Um primeiro passo na direção de encontrar respostas foi o livro de presenças da Biblioteca Pública de SC, onde estavam registrados os nomes dos frequentadores com datas e fontes de leituras. Era possível então saber quem estivera com FM naquele local e período: 1º semestre de 1867, e que se supõe tenham interagido. Depois, encontramos nos jornais da época, O Cruzeiro do Sul (1859), O Catharinense (1860), O Argos (1861), O Despertador (1863 e 1864), referências aos alunos que participaram de eventos culturais e que prestaram exames no Liceu Provincial e em quais matérias.

E foi surpreendente o legado que se apurou e a partir das relações entre as pessoas ligadas diretamente a FM como alunos ou, indiretamente (familiares de seus ex-alunos).  O que se pôde perceber é que havia uma similaridade entre estes pensamentos e os discursos proferidos por Fritz Müller.

Nas fontes consultadas elencamos 64 nomes e destes, selecionamos 32 que desempenharam atividades como jornalistas, políticos, professores, militares de alta patente, juízes e promotores, que consideramos formadoras de opinião ou decisivas na condução de políticas públicas de Santa Catarina. Os demais 32 foram funcionários públicos, principalmente ligados ao Tesouro do Estado, militares, bancários, e, ainda destes, seis faleceram jovens ou foram militares mortos em combate.

É conveniente frisar que figuras como Horácio Nunes Pires, João da Cruz e Sousa, Juvêncio de Araújo Figueiredo, Manoel dos Santos Lostada, Oscar Rosas Ribeiro de Almeida e Virgílio dos Reis Várzea, embora não tenham sido diretamente alunos de FM, o contato com seu pensamento se deu principalmente através de Francisco Luiz da Gama Rosa, que foi, este sim, seu aluno, ou por familiares, como Horácio Nunes Pires e Oscar Rosas.

FIGURAS PÚBLICAS SÉCULO XIX – DESTERRO SC 

CONTATO DIRETO OU INDIRETO COM FRITZ MÜLLER

LICEU PROVINCIAL – 1857-1864

BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO SANTA CATARINA – 1º SEMESTRE 1867

DATA

NOME

ONDE

OCUPAÇÃO

VÍNCULO

1

1863/1864

Boaventura da Silva Vinhas

Liceu

Deputado Assembleia Legislativa Provincial

Matemática

2

1860/1861/1863

Candido Leopoldo Esteves

Liceu

Militar alta patente/Lutou guerra do Paraguay/condecorado

Irmão de Antônio Justiniano Esteves Junior

3

1861/1863

Domingos Lydio do Livramento

Liceu

Político/comerciante

Matemática

4

1867/1863

Eduardo Nunes Pires

BPSC/Liceu

Professor/Jornalista/ escritor

Matemática

5

1867

Eliseu Guilherme da Silva

BPSC

Jornalista e político (fundador partido federalista)

 

6

1861

Estevão Pinto da Luz

Liceu

Comerciante/ Político/militar ferido em combate entrou para reserva em 1868(irmão Elesbão Pinto da Luz)

Matemática

7

1863

Fernando Hackradt Junior

Liceu

Político e comerciante

Matemática

8

1863

Francisco Antônio Ferraz

Liceu

Promotor público e delegado

Matemática

9

1867/1863/1864

Francisco Luiz da Gama Rosa (1851-1918)

BPSC/Liceu

Médico, jornalista, escritor, político

Matemática

10

1867/1863/1864

Francisco Paulino da Costa Albuquerque

BPSC/Liceu

Militar/deputado assembleia provincial

Matemática

11

1860

Francisco da Silva Ramos

Liceu

Político, comerciante e militar

 

12

 

Francisco Xavier Callado

Liceu

Comerciante, político, delegado de polícia

Matemática

13

1863

Genuíno Firmino Vidal de Capistrano

Liceu

Advogado, professor, jornalista e desembargador

Matemática/autor da proposta mudança de nome Desterro-Fpolis

14

1867/1863

Gustavo Henrique Nunes Pires (1848-1881)

BPSC/Liceu

Professor/poeta/escritor/militar

Matemática

15

1863

Henrique Carlos Watson

Liceu

Professor/promotor público

Matemática

16

 

Horácio Nunes Pires (1855/1919)

 

jornalista, poeta, dramaturgo e romancista

Filho Amphiloquio Nunes Pires

17

 

João da Cruz e Souza (1861-1898)

 

Jornalista, escritor e poeta

Gama Rosa

18

1867

João José da Rosa Ribeiro de Almeida

BPSC

Professor/jornalista/ político/pai Oscar Rosas

 

19

1859

João Justino de Proença

Liceu

Ministro do Superior Tribunal Militar, militar, poeta

Matemática

20

1860/1861/1863

Joaquim de Souza Corcoroca (morreu afogado no Itajaí)

Liceu

Agrimensor/Diretor da Colônia de Angelina/Juiz Comissário São Francisco e Itajaí.

Matemática

21

1859

José Candido de Lacerda Coutinho

Liceu

Médico, político e poeta

Matemática

22

1860

José Ferreira de Mello

 

Político/promotor e Juiz de direito

 Argos 1860 ed 646

23

1860/1861/1863

José Ramos da Silva Junior

Liceu/BPSC

Político, jornalista e professor

Matemática

24

 

Juvêncio de Araújo Figueiredo (1865-1927)

 

Poeta simbolista ver

autodidata – ver Correio da Manhã 2073/amigo de CS e GR

25

1867/1863

Juvêncio Martins da Costa

BPSC/Liceu

Jornalista, poeta, industrial e funcionário público

 

26

1863/1864

Leonel Heleodoro da Luz

Liceu

Comerciante e político (irmão de Hercílio Luz)

Matemática

27

1860

Manoel Ferreira de Mello

Liceu

Bacharel Direito/Secretário de Governo da Província/Delegado de Instrução Pública da Corte/Juiz de direito

 

28

 

Manoel dos Santos Lostada (1860-1823)

 

Jornalista, político, poeta e militar

Gama Rosa

29

 

Oscar Rosas Ribeiro de Almeida(1864-1925)

 

Político, jornalista, escritor e poeta

Filho de João José da Rosa Ribeiro de Almeida (professor colega de Fritz Müller)

30

1864

Raulino Adolfo Horn

Liceu

Farmacêutico, comerciante, jornalista e militar

Matemática

31

1867/1863

Rodolpho T. Riegel (pai cônsul Rodolfo Riegel)

BPSC/Liceu

Bancário/abolicionista

 

32

 

Virgílio dos Reis Várzea  (1863-1941)

 

Jornalista,poeta e escritor

 Gama Rosa

 

 

 

 

 

 

 

6

Grupo Ideia Nova

 

 

 

 

11

Político

 

 

 

 

8

Professor, jornalista e escritor

 

 

 

 

4

Outros

 

 

 

 

Uma relação que sempre despertou curiosidade e questionamentos, do tipo foi-não-foi-aluno, é a que vincula FM a Cruz e Sousa. E a conclusão, até se encontrar — ou não —, uma prova irrefutável é… pode ter sido.  Tudo começa com uma carta onde FM em 1860 menciona ao seu irmão Hermann que tinha um aluno negro muito inteligente[4]. O poeta nasceu em 1861. Portanto, não era. Mas o naturalista esteve vinculado à Província como professor até 1874. Após o fechamento do Liceu (1864), quando ainda não havia retornado para Blumenau, anunciava no jornal “O Despertador” (ed. 317 de 26/01/1866; ed. 422 01/01/1867), aulas de matemática e Ribeiro de Almeida, lecionava francês.  Sabe-se que Cruz e Sousa tinha uma relação próxima com Ribeiro de Almeida, por conta das aulas de francês, aproximando-o inclusive da família do professor. Lançando ainda mais dúvidas sobre esta questão, Virgílio Várzea em artigo para o Correio da Manhã (RJ) de 10 de março de 1907 (ed. 2066), diz textualmente: “[CS] fizera com brilho o curso de humanidades no Atheneu Provincial onde o insigne naturalista Fritz Müller, (…) lhe chamava afetuosa e carinhosamente de seu ‘discípulo amado’”.

Então vemos que até o momento não possuímos nenhuma informação concreta sobre esta interação.

Aluno de Fritz Müller na década de 1860, foi Francisco Luiz da Gama Rosa, presidente da província entre 1883-84, intelectual, vanguardista, propagador das correntes de pensamento europeias. Absorveu quando ainda jovem estudante, as ideias liberais e evolucionistas de Fritz Müller, quando este trabalhava na elaboração do seu livro “Für Darwin”, no qual comprovava a teoria da evolução das espécies através dos crustáceos colhidos na Praia de Fora.  Segundo Evaldo Pauli[5] afirma, o pensamento de Fritz Müller está presente de forma clara na produção deste aluno.  

Encontramos sobre esta afirmação algo interessante: Fritz Müller em 1848, em uma carta a sua irmã, cita Julius Fröbel, com cujas ideias sobre o casamento concorda, uma discussão em voga à época sobre a dicotomia representada entre ser um sacramento ou uma questão de estado, de saúde pública. Gama Rosa explora este assunto em três oportunidades: na dissertação de sua conclusão do curso de medicina, em 1876 (Dos casamentos sob o ponto de vista higiênico), no mesmo ano publica o livro Higiene do Casamento, e em 1887, Biologia e sociologia do casamento. Entre a publicação de um livro e outro passaram-se onze anos e a posição acerca do assunto muda radicalmente, apoiado nas novas visões de mundo, principalmente à luz das teorias spencerianas (darwinistas), apresentadas em 1887[6]. Basicamente a questão é sobre a “tensão entre o princípio da livre discussão e o princípio da maioria”. [7]

A admiração de GR por Fritz Müller é manifestada em artigo da Revista Catarinense[8] em 1914, onde afirma ter sido seu aluno entre os anos de 1862 a 1865 e que

“Quando, ao alvorecer do moderno evangelho, famosos scientistas conservadores, em todo o mundo, forcejavam por manter o velho edificio theologico da natureza creada, partia do Brazil efficaz auxílio, propiciando a victoria da verdade.” [sic]

De fato, os estudos de FM com crustáceos marinhos comprovaram que a teoria darwiniana de evolução das espécies por seleção natural estava correta. Deixara de ser, naquele segmento, uma teoria. Por isso, na época em que Müller publicou seu trabalho “Für Darwin”, o cientista enfrentava inúmeras críticas. A partir dali, estabeleceu-se entre os dois pesquisadores da natureza uma troca de correspondências, hoje sabida em número de cento e dez, até a morte de Darwin em 1882.

Gama Rosa já respeitava FM mesmo antes da relação deste com Charles Darwin, o que somente ocorreu em 1865. Acreditamos que eram as ideias vanguardistas de Müller que atraíam Rosa, deixando uma descrição muito agradável do naturalista:

Fritz Müller, apezar de apparencias abstractas e reservadas, era vivassissimo espirito, sempre a par, não só dos progressos scientificos, como de todos os successos occorridos no mundo, e muito especialmente no Brazil, acompanhando-os detidamente, em prolongadas leituras de jornaes da Allemanha e nas do nosso invencível decano, o jornal do Commercio” [sic].[9]

 Gama Rosa quando retornou a Desterro, já formado médico, no início da década de 1880, encontrou uma leva de jovens nascidos na década de 1860, ansiosos por divulgar suas ideias e provocar mudanças na capital que ainda respirava os ares românticos. Esta turma, formada por Virgílio Várzea, Cruz e Souza e Santos Lostada, já publicava em jornais não especializados, até que em 1881 aventuraram-se a fundar o jornal “Colombo, periódico crítico e literário”.

A esta geração nascida nos anos de 1860, concebida num ambiente de contestação, faltava-lhes a pedra de toque trazida por Gama Rosa, que possivelmente por sua liderança e facilidade de articulação, proporcionou as condições necessárias para que aqueles jovens desejosos de mudanças organizassem suas ideias, atualizando-as e formatando-as de maneira a se fortalecer e agregar novos membros.[10]  

Este grupo ficou conhecido por alguns como “Grupo Ideia Nova” e “Grupo de Desterro”. Virgílio Várzea publicou no jornal Tribuna Popular (1885-1892), um histórico minucioso deste movimento e de seus integrantes, posteriormente reeditados no jornal Correio da Manhã (RJ) no ano de 1907, em cinco edições aos domingos, iniciando pelo número 2045 finalizando no 2087.

Fritz Müller, por sua trajetória de vida militante e revolucionária de costumes, estava habituado a levantar bandeiras e a propagar suas verdades para quem desejasse ou não ouvir. Por sua própria índole não se furtava aos enfrentamentos.

É notório que parcela considerável – para a época – de alunos de Fritz Müller, como Francisco Luiz da Gama Rosa, ou alunos de seus alunos ou colegas como João José da Rosa Ribeiro de Almeida, pai de Oscar Rosas e professor de Cruz e Souza, Amphilóquio Nunes Pires, pai de Horácio, Eduardo e Gustavo Nunes Pires, entre outros que podemos conferir na listagem que preparamos e compartilhamos, foram homens de opiniões firmes, jornalistas, políticos, professores, escritores, etc. Suas ideologias e filosofias de vida, ideias de modernidade, evolucionismo, progresso, materialismo e ciência, eram abolicionistas e favoráveis à república, podem ser encontradas em seus artigos, poesias, discursos e trajetórias de vida.

Mesmo aqueles que não compartilhavam visões de mundo, como Eduardo Nunes Pires, que se tornou franco crítico do grupo Ideia Nova, não deixou de defender suas posições e ser combativo.

Fritz Müller não foi um herói civilizador, mas como Gama Rosa, por sua personalidade única e destemida, vasta cultura e conhecimento técnico e científico, era digno de admiração e respeito. Em seu tempo e meio em que vivia, um modelo, um líder fonte de inspiração.

 

Blumenau, 15 de abril de 2022.

 

Hanatenah@gmail.com

[1] Mendes, L. e Amaral, A. Virgílio Várzea, escritor naturalista. ESTUDOS LITERÁRIOS – N. 27 – 2014.1. Disponível em: < https://www.researchgate.net/publication/280985499_Virgilio_Varzea_escritor_naturalista> acesso em 15 abr 2022

[2] Dias, Thiago Cancelier. QUESTAO RELIGIOSA CATARINENSE AS DISPUTAS PELO DIREITO DE INSTRUIR 1843/1864. Disponível em https://www.researchgate.net/publication/323317138_QUESTAO_RELIGIOSA_CATARINENSE_AS_DISPUTAS_PELO_DIREITO_DE_INSTRUIR_1843-1864 acesso 12 mar 2022  

[3] Möller, A. FRITZ MÜLLER, WERKE, BRIEFE UND LEBEN. Volume 3. Gustav Fischer. Jena, 1921. Disponível em < https://archive.org/details/fritzmllerwer00ml/page/26/mode/2up?q=marx> Acesso em 15 abr 2022

[4] Möller, A. Fritz Müller, Werke, Briefe und Leben. Volume 2. Gustav Fischer. Jena, 1921.  Disponível em < https://archive.org/details/fritzmllerwerkeb2919mlle/page/n41/mode/2up?q=1860&view=theater>

[5] Pauli, E. SENTIDO CATARINENSE E BRASILEIRO DE ” F R I T Z    M Ü L L E R  Tese apresentada e aprovada, no VIII Congresso Interamericano de Filosofia, reunido em Brasília, em 29 de novembro de 1972, e impressa nos respectivos Anais, reimpressa em 1973, pela Fundação Casa Dr. Blumenau.

 

[6] VERONA, Elisa Maria.  O casamento, “uma instituição útil e necessária” Apud GAMA ROZA, F. L. Higiene do casamento. Rio de Janeiro: Tipografia de G. Leuzinger, 1876. p. 225.

[7] ALMEIDA, Andreia Alves. SISTEMA DE POLÍTICA SOCIAL EM JULIUS FRÖBEL: TENSÃO ENTRE O PRINCÍPIO DA LIVRE DISCUSSÃO E O PRINCÍPIO DA MAIORIA. Disponível em < https://revistas.uniube.br/index.php/ddc/article/view/17> Acesso em 15 mar 2022.

[8] Rosa, G. Fritz Müller. Revista Catharinense. Ano III, nº 3. Laguna SC, março 1914. Disponível em <http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=892416&pesq=&pagfis=878> Acesso em 15 abr 2022

 

[9] Idem

[10] Souza, L. A. Um mundo em agonia: a geração de 1870 em Desterro. Revista História e Cultura, Franca-SP, v.3, n.1, p.172-188, 2014. ISSN: 2238-6270.

Ana Maria L. Moraes

Ana Maria L. Moraes

Historiadora e Pesquisadora