Mimetismo é um fenômeno biológico caracterizado pela semelhança superficial na forma ou na coloração de duas ou mais espécies de animais ou plantas que não têm nenhum parentesco. Essa semelhança confere uma vantagem, como a proteção contra predação, a um ou a ambos os organismos. O naturalista britânico Henry Walter Bates (colaborador de Charles Darwin), que passou mais de uma década coletando insetos na Amazônia entre 1848 e 1859, observou que borboletas pertencentes a gêneros distintos apresentavam padrão de coloração das asas muito similar. A explicação para tal fenômeno foi que uma das espécies seria não palatável, portanto, rejeitada pelos pássaros, enquanto a outra seria plenamente comestível, mas se protegeria da predação das aves por imitar a coloração das asas da espécie não palatável. Assim, a similaridade teria sida adquirida por meio de seleção natural darwiniana e esse fenômeno ganhou a denominação de mimetismo Batesiano em homenagem a Bates. Em seus estudos nas matas de Santa Catarina ao longo de 45 anos (1852-1897), o naturalista Fritz Müller, também colaborador de Darwin, observou borboletas de dois gêneros bem distintos com padrão de coloração de asas muito similares, mas neste caso, nenhuma das duas espécies era palatável aos pássaros. Então lhe ocorreu a seguinte pergunta. Por quê essa similaridade entre espécies de gêneros diferentes? Na explicação desse mimetismo se revelou a genialidade de Fritz Müller. Ao invés de pensar no indivíduo borboleta de uma e de outra espécie, ele pensou em suas populações e criou um modelo matemático para explicar o potencial benefício que as espécies teriam dessa similaridade. O modelo previa que a espécie com representação populacional menor, teria um ganho contra predação, desproporcionalmente maior que a espécie com maior representação populacional, uma sacada genial, do sábio naturalista. Posteriormente em homenagem da Müller, esse tipo de mimetismo ganhou o nome de mimetismo Mülleriano.
No artigo, Fritz Müller e o fenômeno do Mimetismo, o prof. Fernando Dias de Ávila-Pires aborda os mecanismos responsáveis pela camuflagem, pelo mimetismo stricto sensu e pela convergência mülleriana como fenômenos distintos. Vale a pena conferir.

Prof. Mario Steindel
Coordenador Científico do grupo Desterro Fritz Müller/Charles Darwin 200 anos